O Burnout (Síndrome de Esgotamento Profissional) é definido pela Ordem dos Psicólogos Portugueses como um tipo específico de stress ocupacional, mais concretamente, “stress provocado pelo trabalho”, e é um dos riscos psicossociais que mais afeta as empresas.
Os Professores/Educadores e os Profissionais de Saúde estão especialmente vulneráveis a este problema de saúde psicológica, devido ao tipo de tarefas que realizam e ao ambiente de trabalho no qual estão inseridos.
Sintomas de Burnout
Segundo a Ordem dos Psicólogos Portugueses, os sintomas característicos de uma situação de burnout são:
- Exaustão emocional;
- Sintomas físicos (ex.: alteração do sono, dos níveis de tensão arterial, maior fadiga, enxaquecas e dores musculares, etc.);
- Menor realização profissional;
- Menor motivação, propósito e dedicação ao trabalho;
- Menor satisfação e bem-estar geral;
- Deterioração das relações familiares e sociais.
Tais sintomas têm como consequências, além do possível desenvolvimento de burnout, o absentismo ao trabalho, perda de produtividade, doenças cardiovasculares e auto-imunes, problemas alimentares e do sono, problemas de saúde mental (ex.: depressão, ansiedade ou suicídio), influência no bem-estar e nas relações familiares e sociais, entre outras.
Está também associado à diminuição da qualidade dos serviços prestados, dificuldades na tomada de decisão e ao aumento de erros no trabalho.
Causas de Burnout
Os fatores mais comuns que podem contribuir para o desenvolvimento de uma situação de burnout são:
- Carga de trabalho superior à capacidade do profissional;
- Horários de trabalho contínuos e excessivos (mais de 8h diárias) ou horários por turnos;
- Poucas ou nenhumas pausas para descanso (mais de 5h de trabalho consecutivo);
- Realização de tarefas perigosas ou de grande exigência emocional;
- Falta de controlo e de autonomia sobre as tarefas a realizar;
- Conflitos e má relação entre colegas ou com superiores;
- Dificuldade no equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Burnout em Números
- É o 2º problema de saúde relacionado com o trabalho mais reportado na Europa;
- Afeta mais de 40 milhões de trabalhadores na União Europeia;
- É responsável por 50% a 60% do absentismo laboral nas empresas europeias;
- Segundo a FMUP, durante a COVID-19, mais de metade dos profissionais de saúde apresentaram sinais de stress, burnout e ansiedade;
- Mais de 60% dos professores portugueses sofrem de burnout, devido a excessiva burocracia, indisciplina na sala de aula, entre outros, refere um estudo da Universidade Nova e da Fenprof;
- Estima-se que, em Portugal, o stress e o burnout custem às empresas 3,2 mil milhões de euros por ano.
Estratégias de Autocuidado
Além de uma atenção especial das empresas aos fatores que contribuem para esta condição, os próprios profissionais podem adotar algumas estratégias:
- Respeitar momentos de pausa, sono e folgas, alimentar-se corretamente e realizar atividades de desporto e lazer;
- Criar momentos de conexão com o corpo e de regulação emocional nas alturas de pausa (focar na respiração, no corpo, nas emoções presentes, aplicar exercícios de relaxamento);
- Ganhar consciência acerca dos sentimentos presentes, nomeando-os, e tentar perceber a causa para o que se está a sentir.
- No final do dia, registar três coisas positivas que ocorreram durante o dia de trabalho, para visualizar e valorizar aspetos positivos do dia-a-dia.
- Procurar a ajuda de um Psicólogo.
Respeite o seu ritmo, esteja atento aos seus sintomas e reconheça os seus limites. Se necessário, não tenha vergonha de pedir ajuda a familiares, colegas ou a um psicólogo.
Beatriz Almeida, Psicóloga Clínica